Reservas batem recorde e chegam a US$ 209,5 bi
Investimento estrangeiro retorna ao País e fluxo cambial fica positivo
Renata Veríssimo e Fernando Nakagawa
As reservas internacionais brasileiras bateram novo recorde, totalizando US$ 209,57 bilhões na última quinta-feira, segundo os dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). O valor mais alto já atingido pelas reservas, até então, havia sido de US$ 209,38 bilhões, em 6 de outubro de 2008.O aumento das reservas foi possível nos últimos meses por causa do retorno dos investidores ao País, na busca por aplicações com boa remuneração. Com o agravamento da crise financeira em setembro do ano passado, o BC teve de abandonar a política de compra de dólares para recomposição das reservas, tendo em vista que os investidores estrangeiros estavam retirando os recursos da economia brasileira para cobrir prejuízos no exterior ou para buscar aplicações mais seguras. Com a volta da confiança no País, o BC pode retomar a compra de dólares. "É claramente uma melhora da posição relativa do Brasil", avaliou o economista da Tendências Consultoria, André Sacconato. Segundo ele, a entrada de dólares é visível e tem ocorrido no que chamou de "contas estruturais". Isso significa que o dinheiro tem chegado ao País para investimentos ou como resultado das exportações brasileiras. No passado, boa parte desses recursos era capital especulativo, que vinha atraído pelas taxas de juros maiores.O BC retomou os leilões de compra de dólar no dia 8 de maio. Desde então, essas intervenções diárias já retiraram US$ 6,2 bilhões do mercado, conforme dado da autoridade monetária até 15 de julho. Nos últimos meses, o fluxo de dólares voltou a ficar positivo. Entre abril e junho, por exemplo, US$ 6 bilhões ingressaram no País e o fluxo cambial no acumulado de 2009 - que estava negativo - voltou para o azul com a entrada de US$ 3,1 bilhões até o dia 10 de julho.A valorização dos ativos que compõem as reservas também fez o montante aumentar. Os quase US$ 210 bilhões são investidos em aplicações de baixíssimo risco, como os títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) e o ouro. Em meio à crise, a procura por esses ativos aumentou porque investidores migraram das ações para opções mais seguras, o que elevou o seu valor de mercado e ampliou o rendimento das reservas.Mas a grande concentração de recursos das reservas em Treasuries é considerada um fator de instabilidade. Sacconato lembra que o volume de reservas muda conforme a variação da taxa de juros americana. O economista considera que o BC deve ter uma margem nas reservas para garantir um nível mínimo caso esse fator provoque uma redução no valor. Ele, no entanto, considera que o Brasil está chegando a um "patamar ótimo" de reservas.Logo após o agravamento da crise em setembro do ano passado, o BC passou a usar as reservas para tentar amenizar os efeitos da crise.Foram duas ações para tentar reverter a escassez de dólares no Brasil: venda de dólares no mercado à vista e empréstimo para o financiamento aos exportadores. Ao todo, o BC repassou US$ 39 bilhões das reservas para o mercado financeiro. Mas com a volta da moeda estrangeira ao País, essas intervenções não são mais realizadas porque empresas têm conseguido comprar a moeda no próprio mercado. Diante disso, US$ 20 bilhões já voltaram às reservas.No auge da crise, o BC repassou US$ 14,5 bilhões aos bancos em leilões simples de venda de dólar. Ao mesmo tempo, empréstimos para exportadores colocaram US$ 24,4 bilhões no mercado. Desses recursos, US$ 15,9 bilhões já foram devolvidos ao BC porque o prazo do empréstimo terminou.
Saturday, July 18, 2009
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